quinta-feira, 1 de julho de 2010

Surto em 3, 2,1.

Eu voltei com os remédios, não, eu vou voltar com os remédios pra justificar meus dedos corroídos, pra justificar minhas falhas de caráter, pra justificar minha falta de auto-piedade ou o excesso dela.
Vou visitar um cara toda semana e falar dos problemas com as minhas mães, ele vai tentar cavar um buraco que eu jamais irei tão fundo, vou mentir e viver dopada.
O remédio vai impedir que eu chore, que eu me sintal mal, vai impedir que eu fume um maço inteiro, vai impedir que eu faça o impensável, vai impedir que eu veja figuras nos azulejos e vai impedir que eu sinta.
"Cuidado na administração de soníferos para pacientes depressivos."
É, cuidado comigo, mantenha o remédio em uma altura que eu não alcance, mantenha minhas falhas bem longe e bem embaixo do tapete, bem lá onde eu não enxergo.
Objetos cortantes não importam, o monte de merda que eu já fiz não some.
Eu planejo e vigio cada passo, eu sinto a mentira nos olhos das pessoas e finjo que não vejo, eu não acredito que possam gostar de mim, eu saboto qualquer amor , eu amo e desamo em 3 minutos.
Eu durmo 48 horas seguidas pra parar de chorar, eu me auto flagelo com pensamentos em looping eterno que corroem minha auto-estima.
Meus dedos sangram sem eu perceber e ele vai me dizer que isso é ansiedade. Ansiedade porra nenhuma, são as falhas no meu caráter tentando vir a tona nos meus dedos.
Eu conheço gurias que me destroem só de olhar. Que doem só de olhar, pra ela e pro meu passado. Que me tratam como merda e eu quero mais, que me tratam como anjo e eu dispenso.
Eu não consigo me sentir amada, eu não me sinto bem se me fazem favores, se sorriem para mim, se me tratam bem, se me digam que eu sou uma boa pessoa. Eu não sou.
Eu preciso mesmo que alguém me diga isso?

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