quinta-feira, 1 de julho de 2010

Surto em 3, 2,1.

Eu voltei com os remédios, não, eu vou voltar com os remédios pra justificar meus dedos corroídos, pra justificar minhas falhas de caráter, pra justificar minha falta de auto-piedade ou o excesso dela.
Vou visitar um cara toda semana e falar dos problemas com as minhas mães, ele vai tentar cavar um buraco que eu jamais irei tão fundo, vou mentir e viver dopada.
O remédio vai impedir que eu chore, que eu me sintal mal, vai impedir que eu fume um maço inteiro, vai impedir que eu faça o impensável, vai impedir que eu veja figuras nos azulejos e vai impedir que eu sinta.
"Cuidado na administração de soníferos para pacientes depressivos."
É, cuidado comigo, mantenha o remédio em uma altura que eu não alcance, mantenha minhas falhas bem longe e bem embaixo do tapete, bem lá onde eu não enxergo.
Objetos cortantes não importam, o monte de merda que eu já fiz não some.
Eu planejo e vigio cada passo, eu sinto a mentira nos olhos das pessoas e finjo que não vejo, eu não acredito que possam gostar de mim, eu saboto qualquer amor , eu amo e desamo em 3 minutos.
Eu durmo 48 horas seguidas pra parar de chorar, eu me auto flagelo com pensamentos em looping eterno que corroem minha auto-estima.
Meus dedos sangram sem eu perceber e ele vai me dizer que isso é ansiedade. Ansiedade porra nenhuma, são as falhas no meu caráter tentando vir a tona nos meus dedos.
Eu conheço gurias que me destroem só de olhar. Que doem só de olhar, pra ela e pro meu passado. Que me tratam como merda e eu quero mais, que me tratam como anjo e eu dispenso.
Eu não consigo me sentir amada, eu não me sinto bem se me fazem favores, se sorriem para mim, se me tratam bem, se me digam que eu sou uma boa pessoa. Eu não sou.
Eu preciso mesmo que alguém me diga isso?

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Tem coisa mais auto-destrutiva que insistir sem fé nenhuma?

Foi um novembro tão curto que eu nem senti.
Andava pelas ruas desconhecidas, achava novas rotas pra chegar sempre no mesmo lugar e mesmo assim seguia fugindo de alguma coisa monstruosa que chegava perto, perto, perto, perto e sumia.
Até que eu me deparei repetindo histórias, usando dos mesmos artifícios pra conversas banais.
Não importava que rua assustadoramente desconhecida eu pegasse, sempre acabava no mesmo lugar e isso começava a cançar. É quase final de ano, é quase Natal e esse não vai ser o menos solitário.
Então eu te digo pra me ver, peço pra me enxergar, eu estou aqui, estou te olhando e procurando uma solução que não seja manjada, eu não sei ir devagar, eu não sei ter tempo, eu quero que as coisas aconteçam agora, porque é quase dezembro e nada do que eu queria aconteceu, só as velhas promessas, porque esse ano, esse ano, esse ano.
Nada aconteceu. Mas nada impede que essa seja uma nova rota pra um lugar totalmente diferente.
O que me assustava era ser uma repetição de um erro. Seu.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Não existe.

Perco o sentido no meio da frase
te falo do assunto que eu só falei na minha cabeça
fumo um cigarro atrás do outro e espero espero espero
olha e fala comigo
organizar as idéias é difícil
eu quase morri na semana passada
e eu acho que ela deve ter pressentido
sentido um vento
sentido um calafrio
na hora que eu disse que ia morrer já
1, 2 e 3
e nada acontece
só o vento que eu acho que mudou um pouco de lado
e eu poderia passar muito tempo mesmo só aqui sentada
tentando achar um assunto coerente
até que chegue a hora
e você saia antes de eu chegar lá
mas assim você até me deixa triste
assim, fingindo que eu não estou no ambiente
falando um assunto mais alto pra ver se ouço
mechendo os braços
não entendendo quando eu perco o sentido
fingindo que não lembra do assunto que tratamos ontem
e hoje você finge que não ouviu nada
que não me conhece
que não lembra meu nome nem minha cara
e assim quem perde o sentido é você
um nome tantas vezes repetido que eu esqueci quem era e o porquê estava aqui do meu lado
acordo no meio da noite e me assusto com uma estranha.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

132 visitas? Quem lê isso aqui? o__O

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Hoje eu me lembrei que faz tempo que não durmo sozinha
mas isso acontece porque daquela vez
eu não me lembrava como era dormir com alguém
então você apareceu aqui em casa
e agora eu tenho tanto medo de esquecer como é.

Mas hoje, quando eu me lembrei que faz tempo que não durmo sozinha
eu não consegui lembrar de nenhum rosto
eu procurei num maço um amigo
eu procurei lembrar do que foram esses dias
tão longos frios e chuvosos
e eu esperando esperando
e não tinha ninguém
então eu botei um tênis velho
andei na rua que você não passa
eu não esperei te encontrar por acaso
e você sorrindo falando
eu ouvindo tremendo querendo te levar pra minha casa
então comprei um maço na loja bem longe da sua casa
eu contei uma novidade triste pra um desconhecido:
eu desisti.

E hoje
eu vou dormir sozinha.

sábado, 26 de setembro de 2009

Espasmo.

Eu queria ficar só olhando e olhando sem me mexer porque se não a mágica das partículas iam se quebrar todas todas aí a luz da vela a luz do olho e meu deus eu nem lembro a cor do olho e tudo aquilo lindo demais ia quebrar tudo eu ia ficar só olhando olhando mas eu não pude me segurar e tive que dizer minha nossa que vontade de tirar tanta foto que a alma ia sair junto.
E quando eu troco o lençol arrumo a casa ponho vestido eu espero espero que você bata aqui uma hora dessas só pra sentar no sofá e falar falar falar como é bom ver a voz batendo nas paredes e brilhando nos teus olhos de gato.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

É o peso dos anos, os anos de frustação.
E agora pensam que você é forte ao bastante pra superar interpéries
que você vai falar e fazer
e você ironicamente vai ser a que menos deu problemas
vei ter um emprego razoável na sua área, trabalhar no que ama nas horas livres
quem sabe casar e plantar uma magnólia
mas mesmo assim acreditam que você é forte o bastante pra superar crises
que segura firme a cada expectativa quebrada
você sabe que quebrou padrões
mas não precisa ter tanta culpa assim.

E a cada ligação você pensa em nunca mais voltar pra casa
pensa que denovo e denovo e denovo
quem segura as pontas é você
que quem vai dar um jeito em tudo
vai driblar a insanidade
é você, que enfrentando todos os seus erros
enfrentando tudo o que quis até agora
vai lutar pra ficarem bem
ficarem bem e unidos pra sempre
e como é lindo sempre mentir
e sabe, sabe muito bem
que quando for sua vez
quando você quebrar expectativas
ninguém vai perdoar.

Esqueceu quando foi a última vez que ouviram o que você falava
espera e espera e espera e cada vez perde mais as esperanças

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Joga o cigarro recém comprado na mesa, hoje não vai ver a sorte no maço, hoje a sorte está a dois dedos de distância, hoje a sorte o acompanhou pelo dia todo, como uma sombra de pensamento.
Fuma um depois do outro, lemniscata, infinito e certamente as coisas não serão.
O nervosismo aparece em seus dedos, ele sabe o que vai acontecer.
São dois passos.
Mas e depois, depois o abismo, depois nunca mais volta.
É isso o que você quer?
É isso o que você quer denovo?
Mas hoje ele não vê a sorte no maço, hoje ele viu ela.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Das vozes.

Você você não disse
que ia parar com isso?
Disse que não ia mais sentir essa coisa toda?
Agora agora ela, ela olha pra você
e você você treme
e você nem fala direito
você está boba fumando um cigarro atrás do outro
pensando que assim
que assim ela vai olhar pra você
vai te ver
ela não é tudo o que tu imaginou
ela não é um personagem
ela ela ela só é personagem na tua cabeça na tua cabeça que inventa
ela não se interessa como você
ela nem deve lembrar
ela é tão incrível e tão fascinante
tão amor-da-minha-vida-eterna-perfeita-bonita-arrumada-inteligente-interessante
ouvindo música em vinil
fumando com charme estilo elegância perfume bom
fazendo comentários inteligente e rindo de filosofias vãs casos furados romantismos bobos guardanapos escritos conversas de madrugada um gole atrás do outro um cigarro atrás do outro um café pra rebater com um docinho e depois família e depois dizer que ela era tudo o que tu esperava e tudo o que tu tinha inventado na tua cabeça
tão perfeita meticulosa arquitetônica boemia banal revolucionária
que nem existe.